Ramiro Farjalla, Advogado.
A capacidade inovadora do animal humano (parte 2)
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Os impactos ambientais e sociais causados pela capacidade de inovação do animal humano. Como lidar com os problemas e as soluções?
Ao mergulhar nas obras de Harari – Sapiens, Homo Deus e As 21 Lições para o Século 21, é inevitável que o leitor reflita sobre a realidade humana, visto que o autor vai à origem da humanidade e leva em consideração a criação do planeta Terra até a atual era pós-moderna digital, como se pode dizer, para compreender o mundo que estamos vivendo.
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Conceitos como sustentabilidade, ferramentas (como, internet, que nos fazem estar conectados ao redor do mundo), globalização econômica, inovações tecnológicas que otimizam a produção e nos informam de acontecimentos em tempo real, são realidades presentes antes da entrada do século XXI e apresentavam projeções para o futuro, que remetem à realidade presente com as inovações digitais, através de plataformas streamings, whatsapp, modelos alternativos de trabalho – presencial, híbrido e digital.
Paralelo às inovações, os problemas já eram anunciados como o aquecimento global e a pandemia. Quem não lembra da doença da vaca louca, das gripes aviária e suína e do surto da febre amarela?
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O COVID-19 não foi um fato isolado e nem surgiu do nada. A única diferença dos casos citados foi que a propagação do vírus teve dimensões pandêmicas. No mais, todos esses problemas estão associados a animais e a culpa não é deles! A espécie animal culpada é a humana ou, em referência à obra de Harari, o Sapiens.
A culpa da espécie humana está nas suas ações por conta do seu poder de invenção, inovação, transformação e crenças, tendo a narrativa para a propagação de ideias ao grande público, que, na mesma forma, levou ao desenvolvimento econômico-social, também custou guerras, desmatamentos, extinção de espécies de animais, poluição, miséria e desigualdade social.
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- Por que ainda nos surpreendemos com a realidade atual?
- Por que a pos-modernidade, como os historiadores falam, ainda precisa ser digerida pela sociedade?
- Será que não admitimos os impactos do nosso modo de viver, cuja produção e o consumo extrapolaram a capacidade de recomposição da Terra?
- Quantos recursos vegetais, minerais e humanos explorados ao esgotamento e a exaustão?
- Quantos animais explorados e extintos?
- E os rios e mares poluídos?
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A indústria deslocou pessoas humanas do campo para as cidades, e a paisagem natural das florestas se transformou em concreto e com camada de poluição atmosférica. A mesma indústria levou a sua lógica ao campo e o cultivo de alimentos recebeu aditivos químicos – chamados de agrotóxicos, por causa da nocividade à saúde humana, enquanto animais para o abate como bois, frangos e porcos passaram a viver em confinamento, sem poder expressar seu comportamento natural, sendo alimentados por antibióticos, a ponto de sofrerem e se agonizarem até a hora da morte para terem as suas carnes vendidas e consumidas.
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Esse modo de produzir e consumir que moldam o nosso estilo de vida tem 60% da água potável do planeta para a agricultura e os outros 40% para o abastecimento humano e esgoto. Só isso não nos coloca em dúvida que a nossa vida está longe de ser considerada sustentável.
Por outro lado, o mundo não está perdido! Preservar o meio ambiente, promover o desenvolvimento sustentável, educar para a cidadania e o engajamento social, direito dos animais, saúde mental, alternativas de trabalho através de ferramentas digitais que nos liberta do trânsito e nos aproxima da qualidade de vida, sem abrir mão da otimização produtiva e apresentação de resultados às empresas.
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Tudo isso são ferramentas para lidarmos com os impactos ambientais e sociais causados pelo ser humano ao longo da história como bem explicado pelo Harari.
Fica a pergunta e chamo o leitor a discussão:
"Como lidar com as inovações para resolver os problemas do mundo natural, seja no trabalho, na cidade e na defesa do meio ambiente?"
Ramiro Farjalla - Advogado, na Victor Farjalla Advogados | Pós-graduado em Direito Ambiental do Trabalho | Mestre em Educação Ambiental pela Universidade Católica de Petrópolis - UCP | Vice-presidente do Instituto Philippe Guédon.
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Ramiro, gostei bastante da parte 2 do Harari, principalmente, porque traz o tema ds inovação versus sustentabilidade, e como o Sapiens interage no meio ambiente. Parabéns pela abordagem!